ETERNAMENTE PROFANO
Eugene Delacroix, A morte de Sardanapalo, 1827-28 (Louvre, Paris)
Depois de tanto ler a obra-prima de Flaubert
E desfrutar das aventuras da profana Bovary,
Comeu pão, geléia, um gostoso camembert
E uma bem passada carne da famosa boucherie.
Em Veneza viu Otelo, o mouro sonhador,
Se encantar pela mocinha, a musa de Iago.
Caíram o suave lenço e o jabón de tocador,
E após o banho atacou, à beira de um lago.
Após Sienkievickz, perguntou: “Pra onde vais?”
Desconcertado com o banquete dos leões na piazza.
Percebeu que tem instinto como os outros animais
E explicou o porquê para a bela ragazza.
Na Londres Vitoriana, o ideal de Dorian Gray.
Em local conservador, o imoralismo do retrato
Lhe fez se dissipar cantando a vida night and day
E não perdeu nenhum minuto até a consumação do ato.
©2001