12 dezembro 2009

HOMENAGEM À SERTANEJA


Henri Matisse, Rose Nude, 1909 (Musée des Beaux-Arts, Grenoble)

O galo cantou às 4
Empurrando pra cima um fardo de carne doída, moída
Reflexo de ternura e dureza em panelas opacas
Água, fogo e muita energia
Em movimentos circulares
De trás
De frente.

Surge uma face cândida, mas permanece cândida
E surgem outras.

Hora de partir com um no colo e outro no colo de um dos dois atrás.

Sol, chuva, vento
E seguem os cinco
Costura, lava, passa, cozinha, varre
Semeia, planta, rega, debulha, colhe
Penteia, ajeita, abotoa, abraça, afaga
Ainda seguem os cinco.

© Outubro 2009

08 dezembro 2009

EXPLOSION


Edgar Degas, Le Viol, 1868-69 (National Gallery, Washington, D.C.)

On est toujours dans la bulle
Tenons debout
Cherchons le trou

Mais non, restons
Écoute le son
Ça nous fait du bien dans la bulle

C’est trop noir dehors la bulle
On est assis
J’ai mon colis (piegé)

Dis-moi ami
Où est la vie ?
Personne ne sait, percez la bulle

© Outubro 2009


EXPLOSÃO

Ainda estamos na bolha
Mantenhamo-nos de pé
Procuremos o furo

Mas não, fiquemos
Escute o som
Isso nos faz bem na bolha

Está muito escuro fora da bolha
Estamos sentados
Tenho o meu pacote (bomba)

Diga-me amigo
Onde está a vida ?
Ninguém sabe, fure a bolha