11 julho 2005

MADREDEUS E A SAUDADE


Neste momento de seca poética, peço licença a um grupo português que descobri apenas recentemente (infelizmente), mas que já tem quase 20 anos de estrada. É o Madredeus, que tornou-se conhecido no Brasil ao ter canções incluídas na trilha sonora da minissérie "Os Maias".

Eles fazem uma música que deve ser ouvida com a alma e não com os ouvidos. Deve ser sentida, não escutada. Deve-se ter o coração aberto, como quando ao ler livros religiosos ou poesias. Do contrário, pode-se perder todo o sentido e inclusive, causar certa estranheza e torpe admiração.

Atualmente consta de quatro músicos: Pedro Ayres de Magalhães (guitarra clássica), José Peixoto (guitarra clássica), Fernando Júdice (guitarra-baixo acústica), Carlos Trindade (sintetizadores) e a voz de tom, afinação e sentimento únicos de Teresa Salgueiro.

A letra da música abaixo, "Adeus... e nem voltei" carrega muita semelhança com a poesia minha publicada antes ("¿Cómo se dice..."). É uma música do primeiro álbum de 1987, "Os dias da Madredeus" ainda com a formação original, contando com Teresa Salgueiro, Pedro Ayres de Magalhães, Rodrigo Leão (teclados), Gabriel Gomes (acordeon) e Francisco Ribeiro (violoncelo). Mais português, menos global, mas muito original.


Adeus... e nem voltei.
(Pedro Ayres de Magalhães)

Adeus, dissemos
e nada mais de então ficou
de asas quebradas
foi a ave branca que voou
Voa lá alto, que eu morro, bem sei, sem voltar
Cantem as aves do monte qu'eu fui ver o mar.. .

Ai,
não sei de mim;
Ai,
não sinto nada..
Ai,
e nem,
voltei.

1 comments:

At 18/10/05 18:07, Blogger SV

Tenho uma poesia no meu blog para ser lida com Madredeus ao fundo.
veja em www.silviovasconcellos.blogspot.com a poesia Insólito Instante (arquivo setembro)

Insólito instante
Perante o vácuo
Que precede a saudade

Despedida contida
Um vago aceno
Na porta da solidão

Trêmulo sorriso
Na face oculta
De um aperto de dor

Me jogo ao mar
De minhas lembranças:
Madredeus em abandono
(...)

 

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