MADREDEUS E A SAUDADE
Neste momento de seca poética, peço licença a um grupo português que descobri apenas recentemente (infelizmente), mas que já tem quase 20 anos de estrada. É o Madredeus, que tornou-se conhecido no Brasil ao ter canções incluídas na trilha sonora da minissérie "Os Maias".
Eles fazem uma música que deve ser ouvida com a alma e não com os ouvidos. Deve ser sentida, não escutada. Deve-se ter o coração aberto, como quando ao ler livros religiosos ou poesias. Do contrário, pode-se perder todo o sentido e inclusive, causar certa estranheza e torpe admiração.
Atualmente consta de quatro músicos: Pedro Ayres de Magalhães (guitarra clássica), José Peixoto (guitarra clássica), Fernando Júdice (guitarra-baixo acústica), Carlos Trindade (sintetizadores) e a voz de tom, afinação e sentimento únicos de Teresa Salgueiro.
A letra da música abaixo, "Adeus... e nem voltei" carrega muita semelhança com a poesia minha publicada antes ("¿Cómo se dice..."). É uma música do primeiro álbum de 1987, "Os dias da Madredeus" ainda com a formação original, contando com Teresa Salgueiro, Pedro Ayres de Magalhães, Rodrigo Leão (teclados), Gabriel Gomes (acordeon) e Francisco Ribeiro (violoncelo). Mais português, menos global, mas muito original.
Adeus... e nem voltei.
(Pedro Ayres de Magalhães)
Adeus, dissemos
e nada mais de então ficou
de asas quebradas
foi a ave branca que voou
Voa lá alto, que eu morro, bem sei, sem voltar
Cantem as aves do monte qu'eu fui ver o mar.. .
Ai,
não sei de mim;
Ai,
não sinto nada..
Ai,
e nem,
voltei.
1 comments:
Tenho uma poesia no meu blog para ser lida com Madredeus ao fundo.
veja em www.silviovasconcellos.blogspot.com a poesia Insólito Instante (arquivo setembro)
Insólito instante
Perante o vácuo
Que precede a saudade
Despedida contida
Um vago aceno
Na porta da solidão
Trêmulo sorriso
Na face oculta
De um aperto de dor
Me jogo ao mar
De minhas lembranças:
Madredeus em abandono
(...)
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